Sinto saudades de quando era criança...
sinto saudades da protecção do ventre, de quando nada nos afectava a não ser os sentimentos da nossa mãe...
sinto-me num ciclo vicioso da qual tenho a ilusão de sair para depois voltar...
há dias em que sinto que o pior já passou, para depois voltar tudo outra vez...
sinto-me guardada para carregar os males do mundo, sem ter direito a usufruir do prazer, da felicidade...
sinto-me destinada a molhar os lençóis todas as noites de lágrimas e solidão, sem poder contar com o abraço de alguém que está perto, perto o suficiente, ao alcance de uma mão...
Vivo rodeada de gente, mas sempre tão sozinha, rio e sorrio na força da piada, nunca no estado de espirito...
gostava de conhecer o amanhã para saber se algo vai mudar, preparar o espirito para mais embate, ou alegrar a alma por alguma benção...
sinto-me uma criança a quem estão sempre a mostrar o doce e a tirá-lo das mãos...
aquelas mãos pequenas que não têm força para segurar o que lhe é querido, que lhe é tirado com uma violência tal, que deixa marcas...
o medo assola as minhas atitudes, mas o desejo de querer faz com que procure, só para depois sofrer outra vez...
às pergunto-me o porquê... sempre sem resposta...
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