Papel e caneta... algo com o qual há muito não me encontro, algo que apraz a minha alma desde criança, quando me refugiava nas histórias de encantar que criava, quando sonhava dentro do sonho do meu sonho...
Distanciei-me deste mundo quando percebi que a escrita, a minha escrita, se estava a tornar demasiado repetitiva, andando aos círculos dentro de uma circunferência.
Hoje, leio livros de uma escritora que adoro. Devoro os seus livros a uma velocidade tal, que será dificil ela acompanhar na escrita... Talvez se deva a ela este meu regresso...
Os seus livros não me transportam para o sonho do irreal, mas sim para o sonho de um passado recente. Olhando para trás, reconheço ímpetos e impulsividades quase infantis...
Agora penso como gostaria de me ter demorado um pouco mais no olhar, no abraço, na carícia... Hoje reconheço que não precisava de nenhuma das exigências feitas, apenas da tua presença...
Gostaria de não ter calado aquela guitarra ou as conversas sobre música... Acho que os vizinhos não se teriam importado com um pouco mais de barulho.
Nos livros que leio, as descrições tornam-se reais, não pela imaginação, mas pela lembrança. A doce tortura de visualizar o descrito em personagens reais, em vidas presentes, em momentos iguais. Quiçá será este o motivo das minhas insónias, mas não creio...
Gostaria de ter tido a calma e a serenidade de alma nas decisões tomadas, nas palavras ditas, nos actos tomados... E ter tido a impulsividade nas palavras não ditas, no sentimento reprimido; quem sabe as coisas não teriam sido diferentes...
"I'm never alone, I'm alone all the time" já diz a música... E neste estado de espirito, afasto e aproximo as pessoas, sem nunca lhes mostrar o verdadeiro eu. O escudo protector que cria a nossa zona de conforto, consegue tornar-se palpável ao fim de algum tempo... Às vezes esquecemos de quando o devemos baixar...
Gosto de pensar que apesar dele estar erguido, conseguiste vislumbrar um pouco da verdadeira essência... Todos os sorrisos foram verdadeiros.
Ultimamente tenho pensado que no percurso que percorri, fui deixando de fazer coisas que realmente adoro fazer... Mas também me lembrou a alegria que sentia, e sinto, quando te vejo trabalhar, não só pelo simples facto de ser bom, mas porque fazes o que adoras... Talvez por isso nunca me tenha passado pela cabeça pôr travões neste teu "amor", porque nunca me incomodou, porque me enchia o peito de felicidade ver o brilho nos teus olhos, o extâse nos teus movimentos... Quiçá talvez quisesse oferecer um acelerador ou um pouco mais de combustível.
Nunca me incomodou o conhecimento da tua ausência por longos períodos... Sei que faria o possível e o impossível para estar sempre presente, para te apoiar e sempre pronta para te receber de braços abertos no regresso...
Tudo se torna possível de conjugar quando temos o apoio das pessoas de quem gostamos...
Neste livro que devoro, a consciência que vou tomando não é só de nostalgia das coisas boas, porque a vida não se faz só de rosas.... Nele fala-se também em amizades e sentimentos de gratidão que parecem ter só um sentido.... Aos poucos as fichas vão caindo, as peças vão-se encaixando, as máscaras vão caindo... uma peça teatral não dura para sempre... Mas isso será tema para mais uma, Inconfidência...
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