terça-feira, 21 de julho de 2009

Jogos de sedução

"O inferno não era fogo e enxofre, percebeu. Era ver-se a si própria, sem misericórdia. No inferno, uma pessoa descobria a verdade sobre ela própria. Enfrentava as mentiras que tinha dito à sua alma para justificar actos errados." Jogos de sedução, Madeline Hunter



Quando li este excerto no meu novo livro, na minha nova companhia de tardes, apercebi-me de que simples frases podem significar metade da nossa filosofia de vida.... O inferno da nosssa vida é olhar para nós e conseguirmos viver com os nossos actos, atitudes, com as nossas mentiras, com as nossas verdades.... Comparado com o que podemos fazer com ela, o dito Inferno, para onde almas pecaminosas (lol) vão depois de serem julgadas, pode-se tornar num autêntico paraíso.... Olhar-nos no espelho e tomar consciência de todo o cenário teatral que montámos à nossa volta, na nossa vida, de todas as mascaras que usámos e ainda usamos, das futilidades em que apostamos a nossa vida, pode-se tornar insuportável a certo ponto da nossa existência, obrigando-nos a despir a pele com que nos disfarçamos e a mostrar ao mundo aquilo que realmente somos. Quando não conseguimos aceitar aquilo que somos, esta tarefa torna-se infernal, quase dolorosa, impossível até de se realizar... Mas quando isto acontece, significa que antes de tudo, antes de todas as mentiras que dizemos ao mundo, de todas as realidades paralelas que criamos para nosso belo prazer, nos mentimos a nós mesmos todos os dias, todos os minutos que nos mantemos vivos e acordados.
Aquela mentira saudavel, dizemos nós, piedosa, que nos impingimos a nós mesmos na esperança de conseguirmos justificar as nossas atitudes, os nossos erros...
Acredito que ao aceitarmos os nossos medos mais profundos, os nossos segredos mais macabros, as nossas falhas mais tenebrosas, a recompensa será deveras avassaladora, qual peso angelical tirado dos ombros de uma criança. Conseguir olhar nos olhos do próximo e não ter medo de mostrar aquilo que eles deixam transparecer, olhar no espelho e gostar daquilo que se vê, não pelo belo do fisico, mas porque não usamos mascara alguma, porque aquilo que vemos é o nosso verdadeiro ser....
É um livro bastante interessante que está a ser devorado a uma velocidade galopante.